Planejar (ou não) a escrita pode ser um divisor de águas entre o sucesso e o insucesso de um texto acadêmico ou científico. Essa etapa do trabalho começa antes mesmo de dar forma ao texto. O planejamento da estrutura e a consideração de fatores como o público leitor, o objetivo do texto, o tipo de linguagem a ser utilizada, entre outros, são essenciais para começar a sua tarefa de escrever. Por isso, trago a você 4 regras essenciais para planejar a sua escrita, tendo em mente o tema, os objetivos, os autores que embasam sua pesquisa e assim por diante.
O que você encontra neste artigo:
- 1-Audiência: considere o público leitor ao planejar sua escrita.
- 2-Registro: defina a linguagem que será utilizada.
- 3-Planejamento: faça um esqueleto (ideias principais) do texto.
- 4-Tom: não se esqueça dos elementos persuasivos.
- 5-Alcance resultados ainda melhores com a Mentoria Linguístico-Científica.
1. Audiência: considere o público leitor ao planejar a escrita acadêmico-científica
Tenha o seu público leitor sempre em mente e coloque-se no lugar dele. Escreva da forma mais clara possível. Lembre-se que o seu principal objetivo é fazer com que a mensagem seja captada por quem quer conhecer as suas ideias.
Por isso, evite termos muito complicados (explique-os caso precise utilizá-los) e escreva o máximo possível na ordem direta (deixando para a voz passiva a seção metodológica). Verifique também se não há frases com o mesmo sentido e se o fluxo de ideias está coerente e fará sentido para quem lê o seu texto.
Se o seu trabalho for também divulgado para pessoas leigas ou com pouco conhecimento sobre o assunto, redobre os cuidados: faça uso de palavras familiares sempre que possível e explique os termos técnicos quando precisar utilizá-los. Assim, você poderá alcançar um número maior de pessoas leitoras, sem prejudicar a experiência de quem já tem conhecimento nessa área.
Mas atenção: se você estiver escrevendo para os seus pares, isto é, para aqueles que conhecem o tema tão bem (ou melhor) do que você, não pense duas vezes: o uso de palavras especializadas é perfeitamente adequado e aconselhável. Isso não significa dizer, porém, que o seu texto precisa ser um emaranhado de ideias soltas e confusas!
2. Registro: defina a linguagem que será utilizada
Quão formal precisa ser o texto acadêmico-científico? Geralmente, isso varia conforme a área de formação – um trabalho na área da literatura, por exemplo, pode utilizar recursos estilísticos (metáforas, pleonasmos, etc.) do que um trabalho na área da física ou da engenharia. Aqui, estou falando de registros e figuras de linguagem, ou seja, variações da língua que ocorrem conforme o grau de formalismo existente em uma determinada situação comunicativa, para cumprir de forma mais eficiente o objetivo dessa comunicação.
Conhecer essas variações e saber como aplicá-las na escrita ou fala é essencial. Vejamos: em cerimônias, a variedade padrão ou norma culta da fala é a que estabelecerá uma melhor sintonia entre os interlocutores; em um encontro com amigos, usamos a linguagem coloquial. Na escrita acadêmico-científica, a orientação é utilizarmos a linguagem formal, mas sem rebuscamentos.
Por fim, há, basicamente, cinco níveis de linguagem: culta/padrão, coloquial/informal/popular, regional, gírias e vulgar. Para saber mais sobre esses níveis, acesse este artigo sobre os níveis de linguagem. Como vimos, preocupar-se com isso é essencial e, portanto, você precisará decidir se o texto terá ou não pitadas de informalidade, ou será um equilíbrio entre os dois níveis, ou ainda, se incluirá regionalismos. Além disso, mostra a preocupação de quem escreve para com quem lê.
3. Planejamento: faça um esqueleto do texto
A clareza não está só na construção das frases. Ela também depende muito de como você estrutura as informações e oferece respostas às perguntas da introdução ou às reflexões feitas ao longo do texto. Assim, antes de começar a escrever, faça o planejamento com um esqueleto do texto: um esboço com tópicos, listando as ideias principais a serem apresentadas em cada parte do texto.
À medida que você for escrevendo, volte à lista para verificar se é preciso mudar algo, seja no texto ou no próprio esboço. Dessa forma, você saberá em que momento as ideias não estão coesas e coerentes.
4. Tom: não se esqueça dos elementos persuasivos
Como mencionei acima, na escrita acadêmica ou científica, o tom é normalmente formal – o que não quer dizer que ele não possa ser persuasivo e demonstrar confiança! Afinal, seu objetivo principal é fazer com que a pessoa leitora entenda o seu ponto de vista e os argumentos apresentados, não é mesmo?
Mas como podemos ser persuasivos nos textos acadêmico-científicos que escrevemos? Colocando-se no lugar do outro para adequar a linguagem, expondo claramente os motivos e benefícios de determinado estudo e usando argumentos de autoridade (citação de uma autoridade ou fonte confiável para reforçar uma ideia ou persuadir uma dada pessoa leitora).
Além disso, os recursos estilísticos, mencionados acima, são elementos de persuasão potencialmente eficazes. Para textos acadêmico-científicos, dependendo da área e do tema escolhido, podemos (ou melhor, devemos) usar os elementos disponíveis. Mas, desde que sejam coerentes com o objetivo comunicacional!
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Essas regras, aplicadas em conjunto com outras, determinarão se a sua escrita será clara e cativante. Planeje-a pensando nelas, e você perceberá que escrever no gênero acadêmico-científico não será uma tarefa enfadonha!
Ao seguir essas quatro regras, pelo menos, você terá mais chances de conquistar os seus leitores e se fazer compreender. E não se esqueça: você precisa tomar essas decisões antes de começar a escrever. Isso garante que o todo do texto tenha uniformidade e siga uma lógica de exposição de ideias e de argumentação.
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Sobre a autora
Heloísa Delgado. Tradutora e educadora de formação e coração, sua trajetória está relacionada ao ensino da língua inglesa e da tradução, tendo atuado nos cursos de extensão, graduação e pós-graduação lato sensu na PUCRS por 30 anos.
Curadora linguística em português e inglês: realiza serviços de revisão e tradução técnico-científica, redação de linguagem simples e orientação de escrita acadêmica, profissional e científica para especialistas, professores e pesquisadores de várias áreas, em inglês e português.
Docente de cursos e oficinas sobre escrita simples para grupos de empresas privadas e órgãos públicos.
Dra. em Letras pela UFRGS com estágio pós-doutoral na mesma universidade. Membro da Rede Linguagem Simples Brasil (RLSB) e da REBRALS (Rede Brasileira de Letramento em Saúde).